O jornal espanhol “El País”, Juan Arias, que se interroga a razão dos brasileiros não se indignarem diante do quadro de corrupção deslavada que viver o Brasil chega-me indagações semelhantes. Partiu do jornalista certamente referenciando-se no que acontece na Espanha, mas por outro motivo: crise econômica. Os espanhóis estão realizando movimentos denominados “Marcha dos Indignados”, e uma delas, que partiu de Valencia, deve chegar a Madrid no próximo dia 23.
Aqui, a República dá sinais de apodrecimento moral e ético. Um processo que não começou agora, mas, sim, de há muito, de modo que se transformou em lugar comum imaginar-se que a corrupção está enraizada nas origens do povo brasileiro. Não é verdade. É certo, porém, que ganhou força na última década. A “Marcha dos Indignados” espanhola é reflexo da primavera árabe, das revoluções que eclodiram no Oriente Médio que desestabilizaram governos, e derrubaram alguns instalado há décadas, com estruturas ditatoriais.
Razões, portanto, diferentes do que poderia acontecer aqui se os brasileiros mergulhassem, para repetir, em dois acontecimentos marcantes que acentuaram a força da cidadania. O movimento “Diretas Já,”da primeira metade dos anos 80, e dos “Caras Pintadas” que tomaram as ruas e praças do País, de norte a sul. O último forçou o Congresso a apear do poder, pelo impeachment, Fernando Collor de Melo hoje aliado do PT, primeiro presidente eleito após golpe de 1964.
Também me pergunto por que este País não explode em indignação, assim como o faz a escritora Eliana Dumet, em nota que publico abaixo. O conformismo não combina com “brasileiros corações”, como está no hino ao Dois de Julho, transformado por Wagner em hino da Bahia.
A presidente Dilma em acordo, está sitiada pelos corruptos. O poder que enfeixa - e que tem a obrigação juramentada de zelar- está posto à prova a partir da coalizão de partidos que a sustenta no Congresso Nacional. Coalizão que Dilma teme. Até o diretor afastado do Dnit, Luiz Antonio Pagot, que está em férias até o dia 4 de agosto, afrontou-a dizendo que não está demitido. Seu padrinho, o senador Blairo Maggi (PR-MT) passou então a cobrar da presidente uma definição. Numa clara alusão a ela, disse: "Se querem mandar o cara embora, então mandem logo. O que eu não aceito é que vençam os 30 dias de férias dele, não apurem as denúncias ou não encontrem nada que o incrimine, e o mandem embora assim mesmo". No fundo o senador tem razão. Por que Dilma não diz de logo que ele está fora? Enquanto tal não acontece, a presidente recepciona com um coquetel os líderes partidários. Homenagem? Indiferentes à corrupção, o PT, PMDB e partidos aliados comemoram com um bolo de noiva, encimando por dois bonequinhos, o “casamento” das duas legendas que têm objetivos semelhantes: lambuzarem-se nas arcas do tesouro as vista do sangue da nação.
Em palavras mais claras: além da corrupção, chalaça. Enquanto o mundo assiste a acontecimentos absolutamente imprevisíveis e inimagináveis, como o da primavera árabe detonada a partir da rede social, na internet, aqui os brasileiros tomam conhecimento da gatunagem aberta na administração pública patrocinada pelos políticos em parceria com empreiteiros. Em absoluto silencio. Os espanhóis realizam a “Marcha dos Indignados” e o jornalista do “El País” se espanta com a quietude do nosso povo imerso em mutismo e conformismo cristão. Pior: obsequiando corruptos como autoridades republicanas.
Da escritora Eliana Dumet recebo o e-mail que se segue:
“Quero compartilhar com você um pensamento que vem tomando conta de mim, a cada dia, a cada momento que um novo assalto ocorre no meu bolso através dos políticos que aí estão. Fiquei pensando: o que posso fazer? Qual a minha parte? Este negócio de que o instrumento é o voto não funciona muito, porque ficou difícil escolher alguém. Não que não exista, mas são tão poucos!
Resta uma grande campanha (muitas já têm sido feitas, mas não alcançam o povão) pilotada pela imprensa sem participação de nenhum partido político, nenhum político, nenhum governante. Autoridade só o povo e a imprensa. A idéia é começar a acabar com este negócio velho e falido de esquerda e direta, socialismo e liberalismo etc. e centrar as posições em corrupto X não corrupto e eficiente e eficaz X ineficiente e ineficaz.
O ficha limpa ainda não pegou. Três deles voltaram esta semana ao Congresso. Na minha fantasia, vejo a mobilização de entidades mobilizando, como a ABI e outros organismos de comunicação (alijados os ligados a qualquer tipo de maracutaia) e com uma agência de propaganda, também íntegra, informando e convocando os brasileiros de todos os cantos e grotões sobre as questões básicas que eles não sabem. Tipo o auxílio-reclusão que é, em média, de R586,51 e o salário mínimo R$ 545,00. O custo médio de um presídio em MG é de R$1,7 mil e o custo médio de um estudante em ensino fundamental é, em média, de R$ 149,05. Ou seja, o Brasil incentiva a criminalidade, a lei 12.403/11, suou mau, afrontando a família e os cidadãos de bem, um beneficio ao crime!
As reformas tão desejada passa distante do interesse dos políticos, a carência na reforma tributaria, da previdência social, das CLT, do código processo penal, do ECA, e a tão sonhada reforma política geral, pois não atende aos interesses dos políticos, mais da população, mas do Brasil. Assim, seria necessário diminuir o número de senadores, deputados estaduais e federais e vereadores. E acabar com a imunidade parlamentar. O STJ, STF e Procuradores Federais, não podem mais ter seus representantes nomeados pelo presidente da República para ficarem dizendo “amém” a toda falcatrua. Teriam que ser nomeados por um colegiado levando em conta a notoriedade de cada integrante, conhecimento jurídico e, sobretudo, honestidade, diferente o Tribunais de Justiça dos Estados, que tem Desembargadores, no Ministério Publico não tem sido diferente os Tribunais de contas é mais uma instituição muito mais política que técnica, fica a democracia ameaçada onde as instituições fiscalizadoras, investigadoras punitiva a comanda do governante que gerencia a nação sobre a ameaça da lei que só serve para servir aos seus interesses.
Nos preços de qualquer coisa que o brasileiro vá comprar precisa estar dito quanto é que se está pagando de imposto, qualquer que seja. Isto é um sonho, mas se conseguirmos mobilizar grande parte da população pode acontecer. Algo precisa ser feito. Se, por acaso, a idéia, ou qualquer outra no gênero, vier a tomar corpo, conte comigo. Estou a postos. Eliana Dumet.”
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